Grato pela presença
Pedro II, 4 de fevereiro de 2010
Ernâni Getirana.
“Falar de Pedro II é deitar-se numa rede de linha, rede artesanal brotada das mãos mágicas de suas rendeiras. É armar esta rede em um quintal de baixo de um frondoso pé de umbu–cajá. É desfrutar do nécta da cachaça serrana, esquecida desde faz é tempo numa garrafa com gengibre. E, só para completar o paraíso, apimentar o ambiente com as conversas paralelas com os amigos e entre um trago e outro, entre um torresmo e uma colher de farofa, deixar a vida se espichar pela tarde toda. Que é para isso que a vida serve: para ser espichada por tardes e tardes, embevecida por lufadas de ar fresco, por ondas de ventos que trazem zoadas distantes. Gargalhadas das doceiras, assobio de meninote, latido de vira–lata, cantiga da meninada, zumbido de abelha, de besouro. Falar de Pedro II é ficar ali papeando antes de ser tragado pelo manto da noite, todo bordado de estrela, e ir-se, pelas mãos de Orfeu, habitar outros mundos”.
(Ernâni Getirana)
Blog do poeta getirana.blogspot.com